Segundo da série “A Psicologia do desempenho”
Data de publicação: 18 de novembro de 2022
Em janeiro, a Castrol anunciou a sua nova parceria com a Premier League. Embora este acordo permita à Castrol promover a respetiva gama de fluidos e lubrificantes premium e aumentar o reconhecimento da rede Castrol Service entre um público mais vasto, a parceria não se limita a um simples acordo de patrocínio. A Castrol e a Premier League têm os mesmos princípios fundamentais de fomento de altos níveis de desempenho, seja no campo, nos motores ou nas oficinas.
Para compreender e identificar os traços de liderança que produzem um desempenho superior, tanto em campo como na oficina, a Castrol colaborou com o célebre psicólogo desportivo, Martin Perry, para determinar o que é necessário para criar e motivar uma equipa vencedora. Perry tem vindo a ajudar atletas (tanto homens como mulheres), em mais de 32 desportos, a ultrapassar desafios relacionados com o desempenho, e tem aconselhado com regularidade os dirigentes sobre como aplicar as melhores práticas de gestão de equipas desportivas nas principais empresas.
Nesta reportagem (a segunda de três reportagens na AM), Perry aborda quatro traços de liderança que podem ser adotados por gestores de vendas e pós-venda de automóveis para aumentar a confiança, estimular a capacidade e melhorar o bom funcionamento das respetivas equipas.
“A beleza do caráter humano é que somos todos diferentes, tendo cada um de nós as nossas próprias qualidades, fraquezas e personalidades”, explica Perry. “É perfeitamente natural que nos demos melhor com algumas pessoas do que com outras. Os gestores precisam de ter um maior nível de autoconsciência, adaptando a respetiva abordagem a cada pessoa, para obterem o melhor desempenho dos membros da equipa.”
“Um bom gestor deve estar ciente da forma como comunica com a sua equipa e da dinâmica que isso gera”, afirma Perry. “Deve autoavaliar-se e procurar feedback continuamente sobre a forma como comunica (e se está a ser compreendido) e os aspetos positivos ou negativos que daí resultam. Um mau gestor vai procurar falhas naqueles que o rodeiam se a equipa tiver um desempenho insatisfatório, em vez de olhar para si próprio. Em vez disso, deveria interrogar-se regularmente sobre o que pode e deve melhorar para apoiar e estimular a sua equipa”.
Com as exigências das atividades do dia a dia, os gestores devem parar para refletir sobre o próprio desempenho e perceber como melhorar os resultados alcançados como um todo. “Tal como um bom treinador de futebol, um bom gestor adapta o próprio comportamento para orientar o desempenho da equipa. Considera formas de intervir para combater o mau desempenho: por exemplo, oferecendo formação adicional ou a melhorando a forma como o desempenho é monitorizado e analisado com terceiros aptos a ajudar”.
Face às constantes alterações do mundo e às novas tecnologias e metodologias que estão sempre a surgir, os treinadores de futebol estão constantemente a aprender sobre as últimas tendências que irão permitir alcançar bons resultados em campo.
“Embora os êxitos do passado possam servir de base psicológica para resultados futuros graças à confiança acrescida que podem suscitar, os melhores treinadores não ficam presos ao que fizeram no passado”, afirma Perry. “Com a fórmula do sucesso em constante evolução, conhecer as técnicas mais recentes pode ser extremamente valioso. Alguns treinadores contratam deliberadamente pessoas com mais experiência para ajudar no respetivo desenvolvimento pessoal, enquanto outros obtêm ideias de outros responsáveis oriundos de outros setores ou disciplinas. Na mesma linha, os responsáveis de vendas e oficinas podem seguir o exemplo ao mostrarem-se curiosos, terem uma mente aberta e desenvolverem as suas próprias táticas para obter resultados ainda melhores”.
Perry acrescenta: “Uma forma importante de um treinador desenvolver as suas capacidades pessoais é tornar-se consciente de si próprio. Para tal, uma das melhores formas é refletir sobre os resultados e as suas próprias respostas no final de cada dia para identificar pontos fortes, limitações e oportunidades de melhoria”.
As conquistas são, para muitos jogadores de futebol, uma grande motivação. O objetivo deles é provar que têm capacidade técnica, possivelmente ao provarem que os céticos estão errados. O seu objetivo é serem pioneiros ao alcançarem um nível que outros ainda não alcançaram. Em ambientes de retalho automóvel, é igualmente importante identificar formas de motivação, que nos guiem a nós e aos outros a definir e alcançar novos objetivos.
Perry afirma: “Existem várias áreas que motivam tanto os responsáveis como os membros individuais da equipa: procura da excelência técnica, excelência de desempenho, segurança financeira, até mesmo a felicidade e a realização pessoal. Todas as pessoas devem ser incentivadas a compreender o que as motiva para serem bem-sucedidas. É muito frequente que esta análise simplesmente não ocorra num contexto empresarial”.
Layla Yebaile, líder de marketing de manutenção na Castrol, acrescenta: “Promover uma relação de trabalho positiva com a equipa, em que as motivações possam ser aproveitadas, é extremamente benéfico. A valorização das motivações individuais ajuda os gestores a maximizarem os resultados que podem ser alcançados como um coletivo”.
Executar demasiadas tarefas pode causar problemas: stress, ansiedade e até mesmo depressão. As pessoas devem tirar tempo para si próprias, por exemplo, comer bem e fazer exercício regularmente. Também é importante saber delegar, de modo a partilhar a carga de trabalho e desenvolver a confiança e o desempenho nos outros.
“Um bom treinador terá a capacidade de analisar os detalhes gerais dos membros da respetiva equipa”, diz Perry. “Esta pessoa está mais sossegada ou mais agitada do que o habitual? Apresenta sinais de ansiedade? A observação destes pequenos sinais pode ajudar a identificar se um jogador ou funcionário apresenta sinais de um peso em cima dos ombros”.
“Os membros da equipa podem receber instruções sobre como atuar num ambiente saudável e devem receber os meios para o fazer. Do mesmo modo que os jogadores de futebol têm à sua disposição instrutores de fitness, massagistas e especialistas em nutrição para manterem a sua saúde e forma física, os estabelecimentos de retalho automóvel e oficinas podem oferecer planos de saúde e disponibilizar o acesso a especialistas, não só para a saúde física como também para a saúde mental”.
Thomas Frank, treinador do Brentford F.C., afirmou: “A aprendizagem é a essência da gestão do futebol. O jogo está em constante desenvolvimento e para que as equipas se mantenham competitivas, é necessário procurar sempre novas formas de agir, novas abordagens. Tudo isto começa com as nossas próprias crenças no desenvolvimento pessoal e autoconsciência. Isto implica ter curiosidade sobre a forma como as outras equipas jogam e como outros desportos melhoram o desempenho. Para isto, é fundamental ter a humildade de saber que não temos todas as respostas, identificarmos pontos fracos e sermos inteligentes o suficiente para pedir às pessoas ao nosso redor que colmatem esses pontos fracos e nos desafiem a evoluir de forma positiva. O mais importante é assumir a responsabilidade pela nossa saúde e preparação para liderar e gerir ao mais alto nível. Estar “apto a gerir” não é um cliché: trata-se de estar à altura das expetativas de preparação física e mental definidas para a equipa. Se estivermos física e mentalmente aptos, iremos tomar melhores decisões, gerir melhor o stress diário decorrente das responsabilidades e lidar melhor com os desafios e obstáculos”.
Na próxima edição da AM, Perry irá analisar as competências e técnicas que os treinadores e gestores podem utilizar para melhorar o desempenho da respetiva equipa.